Post (0105)
-A vida em sociedade desfigura nossa fisionomia original.
– Uma das coisas que define um grande homem de outro que apenas se deixa viver é a capacidade de estar além do que os outros pensam dele. – Passamos a maior parte do tempo colocando sob viés analítico atos e pensamentos que não coincidem com os nossos.
– Poucos de nós têm a coragem de se revelar como realmente somos.
– A vida em sociedade desfigura nossa fisionomia original. Acabamos quase sempre reagindo, não obedecendo às motivações de nossa alma. O olhar alheio incomoda, pressupõe um julgamento do que somos ou fazemos.
– A rebeldia em relação ao estabelecido cobra o seu preço.
– Padronizar é a ordem do dia. É com isso que o mercado conta: com a lista dos maiores e melhores e com a nossa preguiça em questionar essas pesquisas que determinam o que todos devem gostar ou repudiar. Acabamos nos acomodando ao senso comum.
– No entanto, a liberdade vai pelo caminho oposto. Manter esse olhar de distanciamento não só no tocante ao que sentimos, mas também ao que nos cerca, é o melhor antídoto para evitar a corrupção dos gostos pessoais.
– As coisas são o que são, sem precisar obedecer aos nossos anseios.
– Ficamos chocados quando os outros agem ou são diferentes de nós. Oprimidos por um eu que afunila e deforma essa visão, dificilmente percebemos que nada mais são do que manifestações de um mesmo desejo, um poema escrito em ordem diversa, mas ainda assim um poema.
– Desfazer-se dessa perspectiva limitadora é como atirar para o alto e para longe todas as ordens de comando que fomos recebendo desde que nascemos.
– Quase nada tem a importância e a gravidade que lhe atribuímos.
– Cada um faz o que pode no limite de sua capacidade.
– A crítica em excesso só destrói.
Sinto um grande cansaço quando me deparo com alguém descontente com tudo e com todos. A época em que vivemos não é melhor e nem pior que tantas outras. O que fazemos é usar ferramentas diferentes, mais sofisticadas para conduzir a nossa vida.
-Gostar exige mais de nós. Exige deixar de lado esse constante falatório que esteriliza as relações.
Texto de Gilmar Marcilio – Jornal Pioneiro de 27.06.2010 – Resumido – NG Canela – Julho de 2010