No que se referem os adultos, todo mundo sabe mais ou menos onde está se metendo, ninguém é totalmente inocente.
Se nos usam, algum consentimento a gente deu, mesmo sem termos assinado procuração.
E se estamos assim tão desfrutáveis para o uso alheio, seguramente é porque estamos nos usando pouco.
Se for este o caso, seguem-se sugestões para usar a si mesmo:
– Comer, beber, dormir e transar, nossas quatro necessidades básicas, sempre com segurança, mas também sem esquecer que estamos aqui para nos divertir.
Usar-se nada mais é do que reconhecer a si próprio como uma fonte de prazer. Dançar sem medo de pagar mico, dizer o que pensa mesmo que isso contrarie as verdades estabelecidas, rir sem inibição.
Dane-se se aparecer a gengiva. Mas cuide da sua gengiva, cuide dos dentes, não se negligencie. Use seu médico, seu dentista, sua saúde.
Use-se para progredir na vida. Alguma coisa você já deve ter aprendido até aqui.
Encoste-se na sua própria experiência e intuição, honre sua história de vida, seu currículo, e se ele não for tão atraente, incremente-o.
Use sua voz: – Marque entrevistas.
Use sua simpatia: – Convença os outros.
Use seus neurônios: – Para todo o resto.
E este coração acomodado aí no peito? Use-o, oras bolas. Não fique protegendo-se de frustrações só porque seu grande amor da adolescência não deu certo. Ou porque seu casamento até-que-a-morte-os-separe durou “apenas” 13 anos. Não enviúve de si mesmo, ninguém morreu.
Use-se para fazer amigos, use-se para evoluir. Use seus olhos para ler, chorar, reter cenas vistas e vividas.
A memória e a emoção vêm muito do olho.
Use os ouvidos para escutar boa música, estímulos e o silêncio mais completo.
Suas pernas para pedalar, escalar, levantar da cama, ir aonde quiser…
Sua boca pra sorrir…
Sua barriga para gerar filhos…
Seus seios para amamentar…
Seus braços para trabalhar… Sua alma para preencher-se…
Seu cérebro para não morrer em vida.
Use-se. Se você não fizer, algum engraçadinho o fará.
Texto original de Martha Medeiros – Resumido – NG Canela – Janeiro de 2010