Nivelando por baixo

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Post (0223)

O mundo divide-se em pessoas boas e más. As boas têm um sono tranqüilo. “As más divertem-se muito mais.” (Woody Allen)

– Essa frase só está aqui por causa de quem a criou. É preciso saber quem é Woody Allen para entender a ironia da frase. Além disso, a escolha é sua entre ter sono tranqüilo ou divertir-se. Eu prefiro o sono tranqüilo. Chamar de “ideologia” uma frase de humor é demais.

– A ironia é um perigo. Se eu fosse presidente colocaria obrigatórios os dizeres: “Atenção isto é uma Ironia. Na persistência dos sintomas, um médico deverá ser consultado”. E eu não estou sendo irônico… Em um país dominado por pocotós acho que devemos tomar sim, mais cuidado com o que dizemos e distribuímos, afinal, tem gente grande que acha que batatinha quando nasce, se esparrama pelo chão.

Deixando de lado a questão do patrulhamento ideológico (aí sim cabe “ideologia”), o que mais me incomodou nessa situação foi a insinuação dos comentários: nivele-se pelos pocotós. Não use ironia, não escreva coisas que eles possam interpretar mal… Esse é exatamente o método utilizado pelos políticos para controlar a população: a infantilização dos discursos, a redução das questões ao mínimo divisor comum, a absoluta falta de provocação ao pensamento crítico. Tratando os interlocutores como imbecis. Mas mais que isso, apontando para uma atitude, se seu interlocutor é um imbecil, seja também um imbecil.

Não dá, quando penso em escrever um texto, ou até mesmo quando escolho minhas leituras, filmes e outros produtos culturais, tenho em mente a informação contida e o esforço mental que será exigido do leitor, ouvinte ou espectador para compreendê-la.

Se a informação contida é nenhuma, não perco meu tempo. Se a informação contida é relevante, mas não exige nenhum esforço para ser compreendida, até invisto algum tempo no produto, mas sem muitas expectativas. Agora, quando a informação contida é relevante e exige algum esforço para ser compreendida, mergulho de cabeça. Tenho certeza que assim estarei praticando meu fitness intelectual, forçarei a musculação cerebral até o limite, sairei do exercício extenuado, mas com a certeza de que subi de nível.

Se a alternativa é permanecer imbecil, to fora.

Texto de Luciano Pires – Resumido – NG Canela – Dezembro de 2013

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