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Em 1994 chegava ao mercado a Nokia 2110, celular com um conceito revolucionário para a época: um toque personalizado. Até então celulares faziam bip bip bip. Dessa vez um toque único e especial distinguia os aparelhos da Nokia de todos os outros. Esse toque veio ser conhecido como Nokia Tune.
Agora ele está fazendo 20 anos, tendo passado por um número imenso de versões, saindo de uma sequência MIDI para um arquivo de áudio de alta definição.
Ao contrário de toques de outros celulares, o toque da Nokia é parte do cenário sobrevivendo ao darwinista mundo dos ringtones.
Não que seja vantagem para a Nokia, afinal ela chegou mais cedo. São 20 anos de idade, se você contar do momento em que um VP Executivo de nome Anssi Vanjoki decidiu que o próximo celular da empresa teria um toque exclusivo. Já se contar desde a época em que o toque foi composto, aí temos 112 anos, e o “culpado”: Francisco Tárrega, compositor e virtuoso espanhol, 1852-1909. Tecnicamente ele até poderia ter ouvido falar da Nokia, que foi fundada em 1865, mas eu tenho razoável certeza de que nessa época ela não era focada na produção de celulares.
Naquele dia em 1993 Anssi Vanjoki levou para a reunião uma gravação da Gran Vals de Tárrega, e depois de provavelmente bater cabeça o dia inteiro, decidiram em um trecho. Veja a obra, executada pela violonista Anika Hutschreuther no vídeo abaixo.
Há uma reação quase cômica quando ouvimos os acordes mais que familiares. Não parece certo uma obra do Romantismo soar como… um celular. Por um lado a “pureza” da composição de Tárrega está perdida para sempre. Por outro lado ele se tornou o compositor mais executado da História. Estima-se que a Nokia Tune seja ouvida 20 mil vezes por segundo, 1,8 bilhão de execuções por dia.
Talvez não seja errado afirmar que enquanto existirem celulares ouviremos essas 13 notas, compostas em 1902.
Texto de Carlos Cardoso – Publicado no site Beiobit – NG Canela – Abril de 2014.