Uma onça tinha caído em um buraco e não podia sair de lá.
Ao ver uma raposa passando a onça pediu: – Ajude-me a sair daqui!
A raposa respondeu: – Isso eu não faço, se eu te ajudar a sair, tu me comes!
A onça quis negociar e continuou pedindo.
Então a raposa perguntou: – O que é que tu vais fazer se eu tirar dai?
A onça respondeu: – Te faço justiça.
– Então, tu não me comes?
– Eu te faço justiça, já disse!
A raposa, então, pendurou o rabo no buraco e a onça segurou-o e assim que a onça se viu livre, quis comer a raposa.
E esta se defendeu, perguntando: – Ora, que justiça é esta?
A onça replicou: – Eu tenho o direito de te comer, pois estou com fome.
A raposa insistiu: – Isto não é justiça, vamos procurar justiça.
Então, de acordo, foram andando e encontraram um cachorro. Perguntaram a ele o que é justiça, e contaram o caso.
O cachorro disse: – A justiça é comer o que se tem!
E a raposa mais que depressa, falou: – Então, coma ele, pois é mais gordo do que eu.
Mas o cachorro, esperto, pulou a cerca que estava perto e fugiu. A onça e a raposa continuaram a procurar alguém que definisse, no caso, o que é justiça. Ninguém, porém, sabia com certeza.
Até que encontraram uma coruja e indagaram a dela o que é justiça. Ela declarou que precisava ver como foi a situação e pediu para que reconstruirem o caso desde o seu início. Voltaram os três para a cena inicial e ai a onça pulou para dentro do buraco, para mostrar como tudo começou.
E a coruja, pensou um pouco e então sentenciou: – A justiça está nisto: a onça fica onde está e a raposa segue o seu caminho.
Esta história foi contada por um “preto velho”, Lúcio Lenis, originário de Leopoldina, em Minas Gerais e que residia em 1961, em Ribeirão Claro no Estado do Paraná.
NG Canela – Dezembro de 2013