Post (0085)
– Alguém chegou a calcular a hora exata da criação (Quatro da tarde de uma terça-feira), mas não se sabe se era primavera. Provavelmente sim, pois Deus poderia testar a castidade das suas criaturas, Adão e Eva. E os colocou nus, num jardim primaveril, para ver se resistiam. E a primavera foi mais forte que Deus. Eles não resistiram, e provaram o fruto proibido.
– Adão teve a primeira ereção da história e avisou a Eva: – Chega para traz, que eu não sei até onde isto cresce. Eles exploraram todas as possibilidades dos seus corpos e esgotaram o assunto logo na primeira geração.
– Desde então, em matéria de sexo, a humanidade não tem feito outra coisa senão se repetir. O sexo não evoluiu. Nenhuma nova zona erógena foi descoberta, nenhuma técnica nova inventada ou desenvolvida em laboratório, depois de Adão e Eva.
– Claro, mudaram as atitudes em relação ao sexo, os antecedentes, as conseqüências, os métodos de abordagem, os parâmetros (Óleos perfumados, arreios, capacetes, algemas.. ), mas a mecânica do, digamos, negócio continua a mesma desde que o homem é homem e a mulher, felizmente, é mulher. Ou o homem é mulher e a mulher é homem, o que também é antigo.
– As variações do sexo são contidas pelas limitações do corpo, o que explica a mesmice dos filmes pornô. Ou então eu é que tenho andado com a turma errada.
Texto de Luiz Fernando Veríssimo – NG Canela – Outubro de 2009