– Quando na década dos 60, o famoso humorista estadunidense Mel Brook criou a série para televisão “Super Agente 86” (uma paródia dos filmes de James Bond) dotou seu protagonista Maxwell Smart – interpretado por Dom Adams – de todo um conjunto de gadgets hilariantes entre os quais se destacava o sapatofone. Nada fascinava tanto então aos fãs do gênero de espionagem como a tecnologia de comunicação sem fio. Escravos como eram nossos pais dos cabos da conexão telefônica, os meninos nascidos nos anos 70 imaginavam um futuro de liberdade no qual o telefone fosse com eles a todos os locais, ou no bolso ou escondido na sola do sapato; e enquanto esperavam que o milagre tecnológico tornasse estes desejos em realidade, confortavam-se com os limitados e ruidosos Walkie-Talkies.
– Em 1972 Martin Cooper, antigo funcionário da Motorola e inventor do celular tinha preparado o primeiro protótipo de telefone sem fio, que chamavam jocosamente de “tijolão” por causa de seu peso, 800 gramas; sem dúvida não tão “elegante” como o sapatofone de Dom Adams, mas igualmente funcional.
– Cooper conta que o primeiro telefonema que fez com aquele aparelho foi para o diretor da ATT (a operadora telefônica mais importante dos Estados Unidos, que exercia então quase um monopólio) que gerenciava o programa móvel da poderosa companhia. O telefonema triunfante de Cooper foi um simples:
– “Olá Joel, estou falando com você de um celular”. Do outro lado… silêncio total. Cooper é hoje em dia um simpático octogenário que resiste a abandonar o mercado de trabalho e que ainda conserva em sua casa vários daqueles tijolões.
– O esforço e talento de Cooper, que não corresponde a nenhuma categoria do Nobel, ou seja, jamais foi homenageado mundialmente e devidamente premiado. Por isso nos resta guardar em algum canto da memória um agradecimento pela revolução causada no mundo atual, tornando-o mais pequeno e próximo.