Post (0020)
Joaquim estava desempregado e lutava com dificuldades. A sua situação ainda mais se agravava pelo fato de ter que dar assistência a um filho, inexperiente que também estava no desvio, porém, defendia-se como um autêntico leão.
O seu cérebro, torturado pela miséria, era fértil e brilhante, engendrando planos verdadeiramente geniais, graça, aos quais sempre se safava das aperturas diárias com que o destino o torturava.
Naquele dia, o seu “grude” já estava garantido. Recebera convite para um banquete de um alto figurão que estava necessitando de claque. Mas o nosso herói não estava satisfeito, porque não conseguira um convite para o filho.
À hora marcada, acompanhado do rapaz, dirige-se para o salão, onde se celebraria a cerimônia. Antes de entrar, diz a seu filho faminto:
– Fica firme aqui na porta, porque preciso dar um jeito de que tu também tomes parte no festim.
Já estavam todos os convidados sentados nos lugares, na grande mesa quando, Joaquim levanta-se e exclama:
– Senhores, em vista da ausência do Sr. Vigário, tomo a liberdade de benzer a mesa – Em nome do Padre e do Espírito Santo!
– E o filho? – perguntou-lhe um dos convidados.
– Está na porta – responde prontamente. E, voltando-se para o rapaz, ordena, autoritário e enérgico:
– Entra de uma vez, menino! Não vês que estes senhores te estão chamando?
Texto extraído do livro “Máximas e Mínimas do Barão de Itararé” (Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly) – Rio de Janeiro, 1985.
NG Canela – Julho 2009