O desconhecido cientista brasileiro que revolucionou a eletrônica.

Joaquim da Costa Ribeiro (1906/1960) fez uma descoberta que serviu de ponto de partida para uma vasta gama de desenvolvimentos eletrônicos que hoje fazem parte do nosso dia a dia: dos microfones de celulares a diversos tipos de sensores.

As pesquisas desse brasileiro, embora não tenham implicado diretamente no desenvolvimento de algum aparato tecnológico, permitiram que estudiosos compreendessem um fenômeno que se desdobrou e ainda pode se desdobrar em diversos avanços.

Nascido no Rio, Costa Ribeiro formou-se engenheiro civil e engenheiro mecânico-eletricista em 1928 na então Universidade do Brasil. Seguiu carreira acadêmica na mesma instituição e, cinco anos depois, se tornou livre-docente.

Logo ele migrou para o que hoje se chama de física da matéria condensada. Foi um dos pioneiros. Sua obstinação estava em produzir eletretos usando materiais dielétricos, ou seja: produzir sólidos eletrizados com o emprego de materiais isolantes.

Foi aí que ele descobriu algo fascinante: para o eletreto se formar, não era preciso corrente elétrica. Isto ocorria com a solidificação do material isolante antes derretido por aquecimento. Em outras palavras, a mudança no estado físico causava a eletrificação dos materiais. Costa Ribeiro batizou o fenômeno de “efeito termodielétrico”.

Post(0354) NG- Dezembro de 2024

A memória é contrária ao tempo

Enquanto o tempo leva a vida embora como vento, a memória traz de volta o que realmente importa, eternizando momentos.

Crianças têm o tempo a seu favor e a memória ainda é muito recente. Para elas, um filme é só um filme; uma melodia, só uma melodia. Ignoram o quanto a infância é impregnada de eternidade.

Diante do tempo, envelhecemos, nossos filhos crescem, muita gente parte. Porém, para a memória, ainda somos jovens, atletas, amantes insaciáveis.

Nossos filhos são crianças, nossos amigos estão perto, nossos pais ainda vivem.

Quanto mais vivemos, mais eternidades criamos dentro da gente. Quando nos damos conta, nossos baús secretos – porque a memória é dada a segredos – estão recheados daquilo que amamos, do que deixou saudade, do que doeu além da conta, do que permaneceu além do tempo.

A capacidade de se emocionar vem daí, quando nossos compartimentos são escancarados de alguma maneira.

Um dia você liga o rádio do carro e toca uma música qualquer, ninguém nota, mas aquela música já fez parte de você – foi o fundo musical de um amor, ou a trilha sonora de uma fossa – e mesmo que tenham se passado anos, sua memória afetiva não obedece a calendários, não caminha com as estações; alguma parte de você volta no tempo e lembra aquela pessoa, aquele momento, aquela época.

Amigos verdadeiros têm a capacidade de se eternizar dentro da gente. É comum ver amigos da juventude se reencontrando depois de anos – já adultos ou até idosos – e voltando a se comportar como adolescentes bobos e imaturos.

Encontros de turma são especiais por isso, resgatam as pessoas que fomos, garotos cheios de alegria, engraçadinhos, capazes de atitudes infantis e debilóides, como éramos há 20 ,30 ou 40 anos.

Descobrimos que o tempo não passa para a memória. Ela eterniza amigos, brincadeiras, apelidos.

Mesmo que por fora restem cabelos brancos, artroses e rugas.

A memória não permite que sejamos adultos perto de nossos pais. Nem eles percebem que crescemos. Seremos sempre as crianças, não importa se já temos 30, 40 ou 50 anos.

Pra eles, a lembrança da casa cheia, das brigas entre irmãos, das estórias contadas ao cair da noite … Ainda são muito recentes, pois a memória amou, e aquilo se eternizou.

Por isso é tão difícil despedir-se de um amor ou alguém especial que por algum motivo deixou de fazer parte de nossas vidas.

Dizem que o tempo cura tudo, mas não é simples assim. Ele acalma os sentidos, apara as arestas, coloca um band-aid na dor.

Mas aquilo que amamos tem vocação para emergir das profundezas, romper os cadeados e assombrar de vez em quando.

Somos a soma de nossos afetos, e aquilo que amamos pode ser facilmente reativado por novos gatilhos: somos traídos pelo enredo de um filme, uma música antiga, um lugar especial.

Do mesmo modo, somos memórias vivas na vida de nossos filhos, cônjuges, ex-amores, amigos, irmãos.

E mesmo que o tempo nos leve daqui, seremos eternamente lembrados por aqueles que um dia nos amaram.

Poesia de Adélia Prado do livro “Aroma de Poesia”

Post(0353) NG- Dezembro de 2024

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